quarta-feira, 30 de março de 2011

Dúvidas e curiosidades de Português

Dicas de Português - http://colunas.g1.com.br/portugues/ - Postado por Sérgio Nogueira em 31 de março de 2010 às 18:21

107. A dúvida é: A reunião só começará após às ou as 10h?
A resposta é: A reunião só começará após as 10h.
Já sabemos que a presença de uma preposição dispensa o uso de outra. Se temos a preposição após, não haverá crase porque não teremos a preposição a. O mesmo ocorre com outras preposições: “Ele está aqui desde as 10h”; “A reunião ficou para as 10h”; “A reunião será entre as 10h e o meio-dia”.

108. A dúvida é: O atacante ficou cara à cara ou cara a cara com o goleiro?
A resposta é: O atacante ficou cara a cara com o goleiro.
Não ocorre crase em expressões repetidas do tipo “cara a cara, frente a frente, gota a gota, face a face”. A explicação é simples: o substantivo repetido está usado no seu sentido genérico, ou seja, sem artigo definido. Temos apenas a presença da preposição “a”. A prova disso é que o mesmo ocorre com os substantivos masculinos: “corpo a corpo, lado a lado”.
109. A dúvida é: Espere um instante que o diretor já vai falar consigo ou com você?
A resposta é: Espere um instante que o diretor já vai falar com você.
“Falar consigo”, rigorosamente, no Brasil, é “falar com si mesmo”. CONSIGO é um pronome reflexivo e devemos evitar usá-lo com o sentido de “com ele”, “com você” ou “contigo”. Isso significa que a expressão CONSIGO MESMO seria redundante. Não é necessário dizer: “Ele levou os dólares consigo mesmo.” Basta: “Ele levou os dólares consigo.”

110. A dúvida é: Eu vi ela ou a vi?
A resposta é: Eu a vi.
No caso específico da frase “Eu vi ela”, o problema é que, além do cacófato (=vi ela), temos um pronome mal empregado: ELE(S) e ELA(S) são pronomes pessoais do caso reto e só podem ser usados na função de sujeito. Para complementos verbais, devemos usar os pronomes oblíquos (o, a, os, as, lhe, lhes …).
Frequentemente, pessoas que desejam falar bem cometem alguns errinhos, pois querem corrigir o que está errado e não sabem como. Ouço muito: “Há quanto tempo que não LHE vejo!”. Costumo dizer: “É porque você está vendo muito mal”. Quer saber por quê. Ora, o pronome LHE substitui “objetos indiretos”. Para os “objetos diretos”, devemos usar os pronomes O(S) e A(S). O verbo VER é transitivo direto; o correto, portanto, é “Há muito tempo que não o vejo.”
Resumindo: ELE(S) e ELA(S) = pronomes pessoais retos = sujeito; LHE(S) = pronomes pessoais oblíquos = objetos indiretos; O(S) e A(S) = pronomes pessoais oblíquos = objetos diretos.

111. A dúvida é: Ela trouxe o livro para mim ler ou para eu ler?
A resposta é: Ela trouxe o livro para eu ler.
É outro vício de nossa linguagem cotidiana. MIM é um pronome pessoal oblíquo, por isso não pode exercer a função de sujeito. Observe que são duas orações: “Ela trouxe o livro / para eu ler”. A segunda oração é reduzida de infinitivo (= para que eu lesse). Isso significa que o pronome pessoal reto EU é o sujeito do verbo LER.
Se não houvesse o verbo LER, teríamos apenas uma oração cujo sujeito é o pronome ELA. Nesse caso, devemos usar o pronome pessoal oblíquo: “Ela trouxe o livro para MIM.”
Essa regra se aplica a qualquer preposição. Observe os exemplos: “Ela chegou antes DE MIM”, porém “antes DE EU sair”; “Ela fez isso POR MIM”, porém “POR EU estar cansado”.
Assim sendo, responda: o certo é “Não há nada entre EU e você” ou “entre MIM e você”? Quem disse “entre EU e você” respondeu “de ouvido” e “se deu mal”. O correto é “entre MIM e você”. Observe que não há verbo após o pronome MIM. Isso significa que ele não é sujeito, por isso devemos usar o pronome pessoal oblíquo.
Se a resposta não lhe agradou, em vez de usar “entre eu e você” (que está errado) ou “entre mim e você” (que está certo, mas você achou esquisito), diga que “não haverá mais nada entre NÓS”. Resumindo: Preposição (de, entre, para, por…) + EU + verbo infinitivo; Preposição (de, entre, para, por…) + MIM (sem verbo).

112. A dúvida é: Os nossos fornecedores querem fazer uma reunião com nós ou conosco?
A resposta é: Os nossos fornecedores querem fazer uma reunião conosco.
Na 1a pessoa do plural, o pronome pessoal oblíquo tônico é conosco: “Ele quer falar conosco”. Entretanto, devemos usar a forma “com nós” antes de algumas palavras: “Ele quer falar com nós todos”; “Ele deixou a decisão com nós mesmos (=com nós próprios)”; “Ele quer fazer uma reunião com nós dois” (=numerais); “Ele deixou a decisão com nós, que reclamamos da sua proposta”.
No Português falado no Brasil, em vez de conosco, ouvimos muito mais o “famoso” com a gente: “Ele falou com a gente”, “Ele saiu com a gente”. Entretanto, em textos formais que exijam uma linguagem mais cuidada, devemos usar conosco. É só imaginar a ata de reunião de uma grande empresa: “Os nossos fornecedores querem fazer uma reunião com a gente”. Fica muito estranho. Não é uma questão de certo ou errado. É um problema de inadequação.

102. A dúvida é: Ele chegou à ou a Brasília?
A resposta é: Ele chegou a Brasília.
Primeiro, é bom lembrar que o caso mais comum de crase é a fusão da preposição “a” com o artigo definido feminino “a”. Quando ocorre essa fusão (=crase), devemos pôr o acento grave (`) indicativo da crase sobre a vogal “a” (= à). No caso do verbo chegar, não há dúvida quanto à presença da preposição “a”, pois quem chega sempre chega “a” algum lugar. A dúvida é o segundo “a”: se existe ou não o artigo “a”. Aqui a dificuldade é saber se o nome do lugar (=país, estado, cidade, vilarejo, bairro…) é usado com ou sem artigo. Por exemplo: nós falamos “São Paulo” (=sem artigo), “O Rio de Janeiro” (=com artigo masculino “o”) e “A Bahia” (=com artigo feminino “a”). Isso significa que “nós chegamos a São Paulo” (=não há crase, porque não existe artigo), “nós chegamos ao Rio de Janeiro” (ao = preposição “a” + artigo masculino “o”) e “nós chegamos à Bahia” (=com acento indicativo da crase, porque existe o artigo feminino “a” antes da Bahia). No caso de Brasília, não ocorre a crase porque não há artigo definido feminino “a” antes de Brasília.
Em caso de dúvida, se há ou não o artigo “a”, podemos usar o seguinte “macete”: 1. Se você “volta da” (=preposição “de” + artigo “a”), é porque existe o artigo. Isso significa que você “vai à”; 2. Se você “volta de” (= só preposição “de”), é porque não existe artigo antes do nome do lugar. Isso significa “crase impossível”, ou seja, “vai a”. Vamos testar: 1. Você volta da Bahia, então “vai à Bahia”; 2. Você volta de Brasília, então “vai a Brasília”.
O “macete” é tão bom que ele é capaz de evitar que você caia em “armadilhas” de concursos. Por exemplo: “Você vai a Porto Alegre” (=sem crase), porque “você volta de Porto Alegre”; mas “você terá de ir à bela Porto Alegre” (=com crase), porque “você volta da bela Porto Alegre”. “Você vai a Paris”, porque “você volta de Paris”; mas “vai à Paris dos seus sonhos”, porque “volta da Paris dos seus sonhos”.

103. A dúvida é: A nossa reivindicação é igual a ou à dos aposentados?
A resposta é: A nossa reivindicação é igual à dos aposentados.
Devemos usar o acento grave indicativo da crase sempre que ocorre a fusão de duas vogais iguais. O caso mais conhecido é o da contração da preposição “a” com o artigo definido “a”. Entretanto é possível que o segundo “a” seja um pronome demonstrativo, como é o caso do exemplo acima. Temos a preposição “a” exigida pela regência do adjetivo igual (tudo que é igual é igual a alguma coisa) e o pronome “a”, que está substituindo o substantivo reivindicação: “A nossa reivindicação é igual à reivindicação dos aposentados”. A maior prova de que temos duas vogais iguais (a+a=à) é que, se fosse um substantivo masculino, ficaria “ao”: “O nosso pedido é igual ao dos aposentados”.

104. A dúvida é: O jurista estava referindo-se a ou à leis?
A resposta é: O jurista estava referindo-se a leis.
Não devemos usar o acento grave indicativo da crase por um motivo muito simples: neste caso encontramos apenas a preposição “a”. Não há o artigo definido. Se houvesse, deveria estar no plural concordando com “leis”: “…referindo-se às leis”. Podemos, a partir disso, tirar uma conclusão: jamais ocorrerá crase antes de substantivo plural se o “a” estiver no singular: “Tráfego proibido a motocicletas”; “A reunião será a portas fechadas”; “Não dê ouvidos a reclamações infantis”; “Ele não se referia a mulheres, e sim a crianças”…
“Fazer referência a leis” e “fazer referência às leis” são bem diferentes. No primeiro caso, a referência está sendo feita a leis em geral, ou seja, não há crase porque não há artigo para definir as leis: referência a (preposição) leis (sem artigo definido = leis em geral). No segundo exemplo, a referência é feita a determinadas leis. Ocorre a crase porque temos, além da preposição “a”, o artigo definido feminino antes do substantivo “leis”: referência às leis = referência a (preposição) as leis (com artigo definido = determinadas leis).
105. A dúvida é: Ele chegou a ou à 1h da madrugada?
A resposta é: Ele chegou à 1h da madrugada.
Devemos usar o acento grave indicativo da crase nas locuções adverbiais femininas: à toa, às claras, à força (de modo); à direita, à frente, à distância (de lugar); à tarde, às vezes, à última hora (de tempo). No caso de “à 1h da madrugada”, temos um adjunto adverbial de tempo. Isso significa que devemos usar o acento da crase em todas as horas: “A reunião começará às 14h”; “A aula só termina às 10h”; “Ela só chegará à meia-noite”.
“Ela chegou à 1h” é diferente de “ela chegou a uma hora qualquer”. Nesse caso, não ocorre a crase, pois temos apenas a preposição “a”. Em “uma hora qualquer”, há artigo indefinido (uma). Aqui não estamos definindo a hora da chegada. Não havendo o artigo definido “a”, não há crase. E não devemos confundir “ela chegou à 1h” com “ela chegou há uma hora”. Agora, a forma verbal “há” indica que “faz” uma hora que ela chegou.

106. A dúvida é: Ela está aqui desde às ou as 10h?
A resposta é: Ela está aqui desde as 10h.
A presença da preposição “desde” significa que não há a preposição “a”, logo não ocorre crase. Temos apenas o artigo definido “as”. Após uma preposição não há crase: “Após as 18h, as nossas portas estarão fechadas”; “A reunião ficou para as 16h”; “Ele teve de comparecer perante a justiça”.
No caso da preposição “até”, temos um caso facultativo: “Ele ficará aqui até as 18h ou até às 18h”. No caso da locução prepositiva “a partir de”, não há crase: “a reunião começará às 18h”, mas “a reunião começará a partir das 18h”.

94. A dúvida é: O deputado acha de que ou que estas medidas não são necessárias?
A resposta é: O deputado acha que estas medidas não são necessárias.
Quem acha sempre acha alguma coisa, ou seja, o verbo achar é transitivo direto. Isso significa que a preposição “de” é totalmente desnecessária.
O mesmo vale para “eu penso que” (e não “eu penso de que”), “nós julgamos que” (e não “nós julgamos de que”).
No caso de “o Fluminense chegou à vitória que tanto precisava”, temos o problema ao contrário. Agora está faltando a preposição “de”, pois quem precisa (=necessitar) sempre precisa “de” alguma coisa. Assim sendo, o correto é “o Fluminense chegou à vitória de que tanto precisava”. O mesmo ocorre com o verbo gostar. O certo é “Esta é a música de que o povo gosta”, e não “a música que o povo gosta”.

95. A dúvida é: Ele tem muito respeito pelo ou para com o adversário?
A resposta é: Ele tem muito respeito pelo adversário.
Usar uma preposição já exige cuidados, que dirá usar duas!!! Quem tem respeito tem respeito por alguém ou por alguma coisa. Em geral, a combinação “para com” é desnecessária e pedante: “Ele não teve consideração para com Itamar”. Basta: “Ele não teve consideração com Itamar”.
Exemplo semelhante é a tal história de “chutar por sobre a trave”. Ou “chutou sobre a trave” ou “por cima da trave”.

96. A dúvida é: O técnico da seleção só falou após ao ou após o jogo?
A resposta é: O técnico da seleção só falou após o jogo.
A presença da preposição após dispensa a preposição a. É bom lembrar que ao é a combinação da preposição a com o artigo definido o. Não há necessidade de usarmos duas preposições juntas. Outro exemplo errado é “estava perante ao juiz”. O correto é dizer “perante o juiz”.

97. A dúvida é: Uma multidão assistiu ao ou o desfile de todas as escolas?
A resposta é: Uma multidão assistiu ao desfile de todas as escolas.
O verbo assistir, no sentido de “ver, presenciar”, é transitivo indireto. Isso significa que o uso da preposição “a” é obrigatório. Se você assiste (=ver), assiste a alguma coisa. A confusão se deve ao verbo ver, que é transitivo direto. Você vê o desfile, mas assiste ao desfile. Outro motivo que pode causar confusão é o fato de o verbo assistir ser transitivo direto quando usado no sentido de “prestar assistência, ajudar, auxiliar”: “O médico assiste o paciente”; “O advogado assiste o cliente”.

98. A dúvida é: Todos anseiam pela chegada do produto no ou ao mercado?
A resposta é: Todos anseiam pela chegada do produto ao mercado.
Toda chegada sempre se dá “a algum lugar”, e não “em algum lugar”, como se diz coloquialmente. Portanto, em textos formais, devemos dizer que “tudo aconteceu após sua chegada ao Brasil”, e não “após sua chegada no Brasil”.
Segundo o rigor da gramática tradicional, essa regra vale para os verbos que indiquem movimento: chegar, ir, retornar, dirigir-se… Assim sendo, deveríamos dizer: “O advogado ainda não chegou ao escritório”; “Ela não vai mais à sua casa”; “Ele certamente retornará ao lar”.

99. A dúvida é: Andou através ou através de campos e florestas?
A resposta é: Andou através de campos e florestas.
A locução prepositiva é através de. Assim sendo não devemos usar através sem a preposição de a seguir.
Na sua origem, através de apresenta a ideia de atravessar: “através dos campos”, “através dos séculos”. Hoje em dia, porém, a locução através de é muito usada com o sentido de “por meio de, por intermédio de”: “Recebeu a notícia através da internet”; “O gol da vitória foi marcado através de Ronaldinho”. Há quem aceite, há quem condene. Se você preferir, pode perfeitamente substituir através de pela preposição por: “Recebeu a notícia pela internet”; “O gol da vitória foi marcado por Ronaldinho”.

100. A dúvida é: Foram levá-lo em ou a domicílio?
A resposta é: Foram levá-lo a domicílio.
Se você leva, leva alguma coisa (=objeto direto) a algum lugar (=adjunto adverbial de lugar). Ninguém leva alguma coisa “em algum lugar”. LEVAR é um verbo que denota “movimento”: ir a algum lugar, chegar a algum lugar, dirigir-se a algum lugar, levar alguém a algum lugar…
Não devemos confundir “levar alguém a algum lugar” com “entregar alguma coisa a alguém em algum lugar”: “Foram entregar o presente (=objeto direto) aos noivos (=objeto indireto) em domicílio (=adjunto adverbial de lugar). Toda entrega é feita “em” algum lugar: “Fazemos entregas em casa”; “Neste hotel, as entregas devem ser feitas na recepção. Não fazemos entregas no quarto do hóspede”; “Nosso restaurante oferece entregas no seu escritório”. Assim sendo, o mais coerente é “entregas em domicílio”.

101. A dúvida é: Estamos à ou a disposição para mais esclarecimentos?
A resposta é: Estamos à disposição para mais esclarecimentos.
O acento grave indicativo da crase se faz necessário porque temos a preposição “a” mais o artigo definido “a”, que antecede o substantivo feminino disposição. A prova de que ocorre a crase (a+a=à) é que, se fosse um substantivo masculino, teríamos “ao” (a+o): “Estamos ao dispor para mais esclarecimentos”.
O acento da crase se tornaria facultativo se, antes do substantivo feminino, houvesse um pronome possessivo: “Estamos a sua disposição ou à sua disposição”. A novidade, para quem não sabe, é que o uso de artigos definidos antes de pronomes possessivos é facultativo, podemos usar ou não: “Este é meu carro” ou “Este é o meu carro”; “Estamos a seu dispor” ou “Estamos ao seu dispor”.

86. A dúvida é: Se você vir ou vier, eu também virei?
A resposta é: Se você vier, eu também virei.
A conjunção condicional “se” pede o verbo no futuro do subjuntivo. Vir é o infinitivo, e o futuro do subjuntivo do verbo vir é “vier”, portanto, o certo é “se você vier”.

87. A dúvida é: O carioca prefere mais ir à praia do que ou a trabalhar?
A resposta é: O carioca prefere ir à praia a trabalhar.
Primeiro, ninguém prefere menos. Basta preferir. “Preferir mais” é um pleonasmo, do tipo “subir pra cima”, “entrar pra dentro”, “ambos os dois” e outros mais.
E quem prefere PREFERE alguma coisa a outra. O correto é “o carioca prefere ir à praia a trabalhar”.

88. A dúvida é: Devemos obedecer o ou ao regulamento?
A resposta é: Devemos obedecer ao regulamento.
É uma velha dúvida. Muitas vezes, não sabemos se devemos ou não usar a preposição A, se o verbo é transitivo direto ou indireto. Sugiro uma boa consulta aos nossos dicionários. O verbo OBEDECER, por exemplo, é transitivo indireto; o correto, portanto, é “obedecer ao regulamento”.
Para quem faz concursos e a consulta aos dicionários é proibida, sugiro muitos exercícios ou, talvez, uma boa “decoreba”.Veja o perigo: você termina a leitura deste texto, pega um carro e na primeira esquina encontra uma “bela” placa – “OBEDEÇA O SINAL”. Deve ser por isso que ninguém obedece. O certo é “OBEDEÇA AO SINAL”.

89. A dúvida é: O espetáculo agradou o ou ao público que compareceu ao Canecão?
A resposta é: O espetáculo agradou ao público que compareceu ao Canecão.
O verbo AGRADAR, no sentido de “ser agradável, ter agradado, deixar satisfeito…”, é transitivo indireto. A regência exige a preposição A: “O jogo agradou ao torcedor.”
O verbo AGRADAR é transitivo direto (sem preposição) quando usado no sentido de “fazer agrado”. Você, cara leitora, pode “agradar seu namorado” (com carícias ou com um presente).
Observe o perigo da frase “Nós agradamos os nossos clientes ou aos nossos clientes”. Se a ideia é de fazer agrado com brindes e promoções, use “Nós agradamos os nossos clientes”. Se a ideia, entretanto, é a de agradar graças à qualidade dos produtos ou serviços, use “Nós agradamos aos nossos clientes”.
A partir de hoje, portanto, toda secretária tem total consciência da diferença entre “agradar ao chefe” e “agradar o chefe”. Ela decide.

90. A dúvida é: Sua decisão desagradou o ou ao presidente?
A resposta é: Sua decisão desagradou ao presidente.
Os verbos agradar e desagradar são transitivos indiretos. Isso significa que o uso da preposição “a” é obrigatório: “O espetáculo agradou ao público”; “O jogo agradou aos torcedores”; “A peça agradou à plateia”; “Isto tudo desagrada aos dirigentes”; “Sua resposta desagradou à diretoria”…

91. A dúvida é: Falava da nomeação de Otávio Guedes como ou para subsecretário?
A resposta é: Falava da nomeação de Otávio Guedes para subsecretário.
O uso das preposições sempre requer cuidados especiais. Ninguém é nomeado “como”. Toda pessoa é nomeada “para” alguma coisa. É importante lembrar que “como” não é preposição. No caso de nomear ou indicar, fica clara a ideia de “finalidade”, por isso a preposição indicada é “para”: “Ele foi nomeado para subsecretário” e “Ela foi indicada para gerente”.

92. A dúvida é: Ela lembrava as ou das festas com muito carinho?
A resposta é: Ela lembrava as festas com muito carinho OU Ela se lembrava das festas com muito carinho.
Nós temos duas opções: lembrar ou lembrar-se. A diferença é a regência. Lembrar é um verbo transitivo direto: “Ela lembrava as datas com carinho”; Lembrar-se (a forma pronominal) é transitivo indireto: “Ela se lembrava das festas“. Em outras palavras: se você lembra, lembra alguma coisa (=objeto direto); se você se lembra, lembra-se de alguma coisa (=objeto indireto).
O mesmo caso acontece com o verbo esquecer. Você pode esquecer alguma coisa ou esquecer-se de alguma coisa: “Ele esqueceu os documentos” ou “Ele se esqueceu dos documentos“.
No caso do verbo precisar, temos um problema diferente. Precisar de (=transitivo indireto) é sinônimo de “necessitar”; precisar (=transitivo direto) significa “ser preciso, determinar, marcar, fixar”. É importante que fique bem clara a diferença: 1. “Ele não precisava da quantia que lhe foi emprestada”, ou seja, ele não necessitava do dinheiro; 2. “Ele não precisava a quantia a ser emprestada”, isto é, ele não determinava a quantia a ser emprestada, ou seja, não definia o valor da quantia.

93. A dúvida é: Ele torce muito pelo ou para o Flamengo?
A resposta é: Ele torce muito pelo Flamengo.
Certo mesmo ele estaria se torcesse pelo Fluminense ou pelo Internacional. O importante é que você saiba que não se torce “para”. Sempre torcemos “por” alguma coisa.
Outro erro que ouvimos frequentemente no meio esportivo é o tal de “o torneio será decidido no saldo de gols”. O correto é decidir o torneio pelo saldo de gols. É importante lembrar também que se vence, perde ou empata “por” qualquer placar. O correto, portanto, é dizer que “venceu por três a zero”, “perdeu por dois a um” e “empataram por zero a zero”.

79. A dúvida é: Ele não vai respeitar quem se opor ou opuser?
A resposta é: Ele não vai respeitar quem se opuser.
O verbo OPOR deve ser usado no futuro do subjuntivo, e não no infinitivo. Vejamos outros exemplos: verbo fazer – quem fizer; querer – quem quiser; trazer – quem trouxer; saber – quem souber; dizer – quem disser…

80. A dúvida é: Eles ainda não reaveram ou reouveram o dinheiro roubado?
A resposta é: Eles ainda não reouveram o dinheiro roubado.
Na hora de usar o verbo reaver, sempre surge esta dúvida: é “reaveram” ou “reaviram”? É a famosa dúvida do nada com coisa alguma. O verbo reaver significa “recuperar”, ou seja, é “haver de novo”. É, portanto, derivado do verbo haver. Deve seguir a conjugação do verbo haver. O pretérito perfeito do indicativo do verbo haver é: houve, houveste, houve, houvemos, houvestes e houveram. Assim sendo, o verbo reaver fica: eu reouve, tu reouveste, ele reouve, nós reouvemos, vós reouvestes e eles reouveram.

81. A dúvida é: Neste momento, viemos ou vimos informar-lhes as novas decisões da diretoria?
A resposta é: Neste momento, vimos informar-lhes as novas decisões da diretoria.
Neste momento significa “agora”. Devemos, portanto, usar o verbo vir no presente do indicativo, e não no pretérito perfeito. A forma viemos é do pretérito perfeito do indicativo: eu vim, tu vieste, ele veio, nós viemos, vós viestes e eles vieram. O presente do indicativo do verbo vir é: eu venho, tu vens, ele vem, nós vimos, vós vindes e eles vêm.
A forma vimos pode ser presente do indicativo do verbo vir ou pretérito perfeito do verbo ver: “Vimos, por meio desta, comunicar-lhes as alterações ocorridas no nosso calendário” (vimos = presente indicativo do verbo vir); “Ontem nós vimos o jogo pela televisão” (vimos = pretérito perfeito do indicativo do verbo ver).

82. A dúvida é: Quando corro, eu soo ou suo muito?
A resposta é: Quando corro, eu suo muito.
Não podemos confundir os verbo suar com soar. Suar vem de suor, e soar vem de som. Se você corre muito e produz suor, você sua. Soar é produzir som. Se o corredor prender uma sineta na perna, aí soa. O verbo soar só necessita da terceira pessoa: a campainha soa, os sinos soam. O verbo suar, no presente do indicativo, fica: eu suo, tu suas, ele sua, nós suamos, vós suais, eles suam.

83. A dúvida é: É preciso que você reaveja ou recupere os seus documentos?
A resposta é: É preciso que você recupere os seus documentos.
O verbo reaver não deriva do verbo “ver”, como parece. Reaver é “haver de novo”. Deriva, portanto, do verbo haver. E deve, por isso, seguir o verbo haver. Acontece que o verbo reaver só “existe” nas formas em que o verbo haver apresenta a letra “v”: havemos – reavemos; havia – reavia; houve – reouve; haverá – reaverá; houver – reouver… No presente do indicativo, o verbo haver é: eu hei, tu hás, ele há, nós havemos, vós haveis e eles hão. Assim sendo, o verbo reaver só tem as 1ª e 2ª pessoas do plural: nós reavemos e vós reaveis. Como o presente do subjuntivo é derivado da 1ª pessoa do singular do presente do indicativo, a forma “que eu reaveja” não existe. Portanto, temos duas soluções: 1a) trocar o verbo reaver por um sinônimo: “É preciso que você recupere os seus documentos”; 2a) usar uma expressão equivalente: “É preciso que você consiga reaver os seus documentos”.
Outro verbo que merece atenção é “precaver-se”. Parece derivado de “ver”, mas não é. Além disso, é um verbo defectivo, ou seja, apresenta falhas: nos tempos do presente, só tem a 1ª pessoa do plural (nós nos precavemos) e a 2ª pessoa do plural (vós vos precaveis) do presente do indicativo. As chamadas formas rizotônicas (=1ª, 2ª e 3. pessoas do singular e a 3ª pessoa do plural) não existem. O presente do subjuntivo, por ser derivado da 1ª pessoa do singular do presente do indicativo, não apresenta pessoa alguma. Assim sendo, formas como “eu me precavejo” e “que ele se precavenha” simplesmente não existem. Somos obrigados a usar um verbo sinônimo ou expressão equivalente: “eu tomo cuidado”, “que ele se previna”…

84. A dúvida é: Só acreditarei se a galinha pôr ou puser os ovos?
A resposta é: Só acreditarei se a galinha puser os ovos.
Não devemos confundir o infinitivo (pôr) com a forma do futuro do subjuntivo (puser). As orações condicionais (iniciadas pela conjunção “se”) e temporais (iniciadas pela conjunção “quando”) pedem o verbo no futuro do subjuntivo: se eu puser, quando você fizer, se nós dissermos, quando ele for…
No caso do verbo pôr, é importante lembrar que a regra também se aplica aos derivados: depor, dispor, compor, repor, impor… Assim sendo, o correto é “quando ele depuser na CPI”, “se eu dispuser de tempo”, “quando eles compuserem o samba”, “quando ele repuser o dinheiro”, “se o zagueiro não se impuser em campo”…

85. A dúvida é: Ainda que o caso não é ou seja de emergência, é preciso agir rapidamente?
A resposta é: Ainda que o caso não seja de emergência, é preciso agir rapidamente.
A conjunção concessiva “ainda que” pede o verbo no subjuntivo: “ainda que seja, tenha, faça, diga, vá, venha…” É importante lembrar que o modo subjuntivo indica “suposição, hipótese, desejo…”, e o modo indicativo deve ser usado para o real: “Ele é, tem, faz, diz, vai, vem…”

73. A dúvida é: Vamos estar depositando ou depositaremos seu pagamento hoje à tarde?
A resposta é: Depositaremos seu pagamento hoje à tarde.
Devemos evitar o modismo de usar o gerúndio como ação futura. O gerúndio denota “continuidade de ação”: “Passamos dois dias analisando sua proposta”; “Estamos desenvolvendo um novo projeto para sua empresa”; “Passo horas lendo”.
No caso de “vamos estar depositando”, chego a imaginar que o pagamento vai ser feito em moedinhas, pois passará toda a tarde “depositando”…
O “gerundismo” é mais um vício que se propagou principalmente pelos profissionais que trabalham com teleatendimento. Lá é tudo na base do “Quem deseja?”; “Não se encontra”; “Com certeza”; “Vamos estar providenciando”; “Vou estar retornando”…

74. A dúvida é: O empregado tinha chego ou chegado atrasado?
A resposta é: O empregado tinha chegado atrasado.
O particípio do verbo chegar é chegado, assim como o particípio de trazer é trazido. A tal história do “ele tinha trago os documentos” é inaceitável. O correto é “ele tinha trazido os documentos”.
“O Tabajara tinha ganho ou tinha ganhado três partidas seguidas”? O Tabajara Futebol Clube ganhar uma partida já é difícil. Que dirá três partidas seguidas! Quanto à língua portuguesa, entretanto, as duas frases são corretas, pois o verbo ganhar apresenta os dois particípios: ganho e ganhado.

75. A dúvida é: Meu avô aposentou ou se aposentou muito cedo?
A resposta é: Meu avô se aposentou muito cedo.
O verbo aposentar-se é pronominal, é um verbo essencialmente reflexivo: a pessoa se aposenta. É o mesmo caso de arrepender-se, esforçar-se, dignar-se e tantos outros. Observe que eu não posso “arrepender alguém” ou “esforçar outra pessoa”. Eu só posso me arrepender ou me esforçar.
No caso do verbo aposentar-se, existe a possibilidade de ser usado sem o pronome reflexivo. É quando você pratica a ação de “aposentar alguma coisa”: “Finalmente o craque aposentou as chuteiras”; “O grande poeta aposentou a caneta”.
É um caso semelhante ao dos verbos casar e casar-se: “Ele se casou com a vizinha”; “O juiz casou os dois ontem mesmo”.

76. A dúvida é: Ela fez de tudo para vim ou vir no meu programa?
A resposta é: Ela fez de tudo para vir no meu programa.
Não devemos confundir a forma verbal vim com o infinitivo vir. Só podemos usar a forma vim, quando o verbo estiver na 1ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo: “Faz mais de vinte anos que eu vim para o Rio de Janeiro”. O pretérito perfeito do indicativo do verbo vir fica assim: eu vim, tu vieste, ele veio, nós viemos, vós viestes, eles vieram.
No português falado no Brasil, é frequente substituirmos a forma simples do futuro do indicativo (= farei, tratará, proporemos, quererão) pela forma composta, que usa o verbo ir como auxiliar (= vou fazer, vai tratar, vamos propor, vão querer). Até aí não há nada de errado. O problema ocorre quando precisamos usar o verbo vir no futuro. Em vez de “eu vou vir”, ouvimos muito um tal de “vou vim”. Assim, não dá! A forma “vou vim” é totalmente inaceitável. Na dúvida, em vez de “eu vou vir”, prefira “eu virei”.

77. A dúvida é: Eles ainda não comporam ou compuseram o samba deste ano?
A resposta é: Eles ainda não compuseram o samba deste ano.
O verbo compor é derivado do verbo pôr. Os verbos derivados devem seguir os verbos primitivos. Assim sendo, se o verbo pôr é irregular, todos os derivados (compor, expor, dispor, repor, antepor, contrapor…) deverão apresentar as mesmas irregularidades do verbo primitivo. Se a 1ª pessoa do singular do presente do indicativo do verbo pôr é “eu ponho”, os derivados ficarão: eu componho, exponho, disponho, reponho, anteponho, contraponho… Se o verbo pôr, na 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo, fica “eles puseram”, o certo será: eles compuseram, expuseram, repuseram…
O verbo requerer parece ser derivado do verbo querer, mas não é. Requerer não é “querer de novo”. Nos tempos do pretérito, o verbo requerer é regular. Não segue, portanto, as irregularidades do verbo querer. O pretérito perfeito do indicativo do verbo querer é: eu quis, tu quiseste, ele quis, nós quisemos, vós quisestes e eles quiseram. O verbo requerer, por ser regular, fica: eu requeri, tu requereste, ele requereu, nós requeremos, vós requerestes e eles requereram. Isso significa que na frase “o aluno requis isenção de matrícula” o verbo está mal usado. O certo é “o aluno requereu isenção de matrícula”.

78. A dúvida é: O juiz não tinha intervido ou intervindo no caso?
A resposta é: O juiz não tinha intervindo no caso.
O verbo intervir é derivado do verbo vir. Deve, por isso, seguir a conjugação do verbo vir. O verbo vir é o único cuja forma do particípio é igual à do gerúndio: “Ele estava vindo às aulas” (=gerúndio) e “Ele tinha vindo às aulas” (=particípio). Assim sendo, os verbos derivados de vir (advir, convir, provir, intervir…) apresentam a mesma curiosidade: “Ele estava intervindo no caso” (=gerúndio) e “Ele tinha intervindo no caso” (=particípio).
Se o verbo intervir é derivado do vir, deverá seguir a sua conjugação em todos os tempos verbais: eu venho, nós vimos – eu intervenho, nós intervimos (=presente do indicativo); eu vim, nós viemos, ele veio, eles vieram – eu intervim, nós interviemos, ele interveio, eles intervieram (=pretérito perfeito do indicativo); se ele viesse – se ele interviesse (=pretérito imperfeito do subjuntivo); se ele vier – se ele intervier (=futuro do subjuntivo)…

68. A dúvida é: Fui eu que fez ou fiz o trabalho?
A resposta é: Fui eu que fiz o trabalho.
Quando o sujeito for o pronome relativo “que”, o verbo deve concordar com o antecedente: “Fui eu que fiz”; “Foste tu que fizeste”; “Foi ele que fez”; “Fomos nós que fizemos”; “Fostes vós que fizestes”; “Foram eles que fizeram”; “Este é o empregado que fez o trabalho” e “Estes são os empregados que fizeram o trabalho”.
Com o pronome “quem”, a concordância deve ser feita na 3ª. pessoa do singular: “Fui eu quem fez o trabalho”, ou seja, “Quem fez o trabalho fui eu”.
Alguns autores aceitam duas opções: “Fui eu quem fiz o trabalho” ou “Fui eu quem fez o trabalho”. O verbo pode concordar com o antecedente (eu quem fiz) ou na 3ª pessoa do singular concordando com o pronome “quem” (eu quem fez). No Brasil, a preferência é a concordância com o antecedente quando está no plural (=”Fomos nós quem fizemos o trabalho”) e na 3ª pessoa do singular quando o antecedente está no singular (=”Fui eu quem fez o trabalho”).
Estaria correto dizer “hoje quem paga é eu”? Essa não. “Hoje quem paga sou eu” e “Hoje sou eu que pago” são duas maneiras corretas de se dizer a mesma mentira…

69. A dúvida é: O diretor hesitou ou exitou, mas assinou o contrato?
A resposta é: O diretor hesitou, mas assinou o contrato.
Diante de tanta hesitação, é possível que o diretor não alcance o êxito desejado. O verbo hesitar (= ficar indeciso, vacilar, titubear) deve ser escrito com “h” e “s”. O substantivo êxito (= resultado, efeito) não tem “h”, mas deve ser escrito com “x” e com acento circunflexo.
Pior mesmo é se, em vez de hesitado, o diretor tivesse ficado “excitado” na hora de assinar o contrato. Para evitar futuras confusões, anote aí: êxito (=sucesso, efeito); hesitar (=vacilar, titubear); excitar (=exaltar, estimular).

70. A dúvida é: As lentes dos seus óculos eram verde-escuras ou verdes-escuras?
A resposta é: As lentes dos seus óculos eram verde-escuras.
Quando o adjetivo é composto, somente o último elemento se flexiona (=vai para o feminino e para o plural): “São questões técnico-científicas”; “Literatura luso-brasileira”; “Problemas sociopolítico-econômicos”; “Candidatos social-democratas”; “Cultura greco-latina”; “Blusas azul-claras”…
As cores compostas só fazem plural quando o segundo elemento é adjetivo (“claro” ou “escuro”, por exemplo): “lentes verde-escuras” e “blusas azul-claras”, “camisas verde-amarelas”.
Quando o segundo elemento for um substantivo exercendo a função de um adjetivo, a palavra torna-se invariável, ou seja, não apresenta flexão nem de gênero nem de número: “calças verde-garrafa, verde-oliva, verde-musgo”; “camisas azul-piscina, azul-céu, azul-mar”; “blusas amarelo-ouro, vermelho-sangue, marrom-bombom”…

71. A dúvida é: Seria necessário que o Brasil mantesse ou mantivesse o empate?
A resposta é: Seria necessário que o Brasil mantivesse o empate.
O verbo MANTER é derivado do verbo TER. O pretérito imperfeito do subjuntivo do verbo TER é: se eu TIVESSE, se tu TIVESSES, se ele TIVESSE, se nós TIVÉSSEMOS, se vós TIVÉSSEIS, se eles TIVESSEM. Todos os verbos derivados – MANTER, DETER, RETER, ENTRETER, CONTER … – devem seguir a conjugação do verbo primitivo: se eu MANTIVESSE, se tu DETIVESSES, se ele CONTIVESSE, se eles RETIVESSEM …
Portanto, as formas ”mantesse, detesse, retesse, contesse…” simplesmente não existem.
Certa vez li num bom jornal: “Policiais não deteram os criminosos.” Deve ser por isso que eles fogem. Não existe a forma “DETERAM”.
Na verdade “Policiais não DETIVERAM os criminosos.” A explicação é a mesma que foi dada acima: DETER é derivado do verbo TER. A 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo é “eles TIVERAM”. Os verbos derivados devem seguir o verbo TER: “eles DETIVERAM, MANTIVERAM, RETIVERAM…”

72. A dúvida é: Se não chovesse, eu ia ou iria ao jogo?
A resposta é: Se não chovesse, eu iria ao jogo.
Temos aqui a troca do futuro do pretérito pelo pretérito imperfeito do indicativo. É frequente ouvirmos: “Se não chovesse, eu ia ao jogo” e “Se fosse permitido, eu fazia o trabalho.” É importante lembrar que há uma correspondência entre o pretérito imperfeito do subjuntivo (=chovesse, fosse) com o futuro do pretérito do indicativo (=iria, faria). Deveríamos, portanto, dizer: “Se não chovesse, eu iria ao jogo” e “Se fosse permitido, eu faria o trabalho.”
Na minha opinião, não devemos reduzir o problema a uma simples discussão de certo ou errado. Na verdade, o uso do pretérito imperfeito do indicativo (=ia, fazia, devia), em substituição ao futuro do pretérito do indicativo (=iria, faria, deveria), é comum em Portugal e também é uma característica da linguagem coloquial brasileira (=linguagem informal), mas é bom evitar em textos formais.

73. A dúvida é: Os produtos provém ou provêm da Argentina?
A resposta é: Os produtos provêm da Argentina.
Na 3a pessoa do singular do presente do indicativo de todos os verbos derivados do verbo vir (= provir, intervir, advir, convir…), devemos usar o acento agudo: ele provém, intervém, advém, convém; na 3a pessoa do plural, devemos usar o acento circunflexo: eles provêm, intervêm, advêm, convêm.
A forma provem (=sem acento gráfico) é 3a pessoa do plural do presente do subjuntivo do verbo provar: “Eu quero que vocês me provem o que estão dizendo”. Existe ainda a forma proveem (=3a pessoa do plural do presente do indicativo do verbo prover): “Eles se proveem do necessário”. Prover significa “abastecer, fornecer”. Então, não esqueça: (1) ele provém (verbo provir); (2) eles provêm (verbo provir); (3) que eles provem (verbo provar); (4) eles proveem (verbo prover).

62. A dúvida é: Ou eu ou você teremos ou terá de viajar na próxima semana?
A resposta é: Ou eu ou você terá de viajar na próxima semana.
Quando repetimos a conjunção “ou” (=ou…ou), é para ficar clara a ideia de exclusão, ou seja, somente um vai viajar: se eu for, você não vai; se você for, eu não vou. Nesse tipo de construção, não existe a possibilidade de “nós” viajarmos. Quando o sujeito composto apresenta essa ideia de exclusão, o verbo deve concordar com o núcleo mais próximo. Veja as duas possibilidades: “Ou eu ou você terá de viajar” e “Ou você ou eu terei de viajar”.
Não havendo a ideia de exclusão, ou seja, havendo três possibilidades (= ou eu, ou você, ou nós), o verbo pode concordar no plural: “Eu ou você talvez tenhamos de viajar na próxima semana”. Nesse caso, não podemos repetir a conjunção alternativa “ou”.
Existe ainda outra interpretação: “O pintor ou o escultor merecem igualmente o prêmio”. Nesse caso, o uso do verbo no plural é obrigatório porque a conjunção “ou” apresenta uma ideia aditiva (=e): “O pintor e o escultor merecem igualmente o prêmio”. Se é “igualmente”, é porque os dois merecem o prêmio.

63. A dúvida é: Nas ou nos milhares de linhas que escrevi?
A resposta é: Nos milhares de linhas que escrevi.
Milhar é um substantivo masculino. Isso significa que artigos, numerais, pronomes ou adjetivos que se refiram a ele deverão concordar no masculino: aos milhares, dois milhares, aqueles milhares…
O substantivo coma também é masculino, portanto o correto é “saiu do coma”, “entrou em coma alcoólico”.

64. A dúvida é: Após a feijoada comeu um ou uma musse?
A resposta é: Após a feijoada comeu uma musse.
A musse, palavra de origem francesa já aportuguesada, é do gênero feminino. O mesmo ocorria com omelete. O certo era a omelete, mas as novas edições de nossos principais dicionários registram também a forma masculina: a omelete ou o omelete.
O certo é a moral ou o moral? Nesse caso, temos outro tipo de problema. A palavra moral pode ser masculina ou feminina. Depende do significado. A moral (gênero feminino) é o conjunto de normas de conduta, os princípios que regem os bons costumes: “Isso faz parte da moral cristã”. Também pode ser a conclusão que se tira como norma: “Qual é a moral da história?”. O moral (gênero masculino) é o ânimo, o entusiasmo: “É preciso levantar o moral dos jogadores”. Se “o moral está baixo”, é porque há muito desânimo; se “a moral está baixa”, é porque a degradação moral é grande.

65. A dúvida é: Todos os nossos cidadãos ou cidadões merecem respeito?
A resposta é: Todos os nossos cidadãos merecem respeito.
As palavras terminadas em “ão”, de acordo com a sua origem, podem fazer plural em “ãos”, “ões” ou “ães”. Vejamos alguns exemplos: irmão/irmãos, cristão/cristãos, bênção/bênçãos; peão/peões, limão/limões, mamão/mamões; pão/pães, capitão/capitães, escrivão/escrivães…
Existem palavras que admitem duas formas no plural. A palavra corrimão é derivada de mão, cujo plural é mãos. Assim sendo, o plural original de corrimão é corrimãos. Hoje em dia, entretanto, o uso consagrou a forma corrimões, que já é perfeitamente aceitável. Inaceitável seria a forma “corrimães”. Nem ficaria bem ficar “correndo mães” por aí…

66. A dúvida é: Este jardim está cheio de florzinhas ou florezinhas?
A resposta é: Este jardim está cheio de florezinhas ou florzinhas.
A regra de formação do plural de palavras no diminutivo manda pluralizar a palavra primitiva antes de colocar o sufixo diminutivo com a desinência -S do plural: PAPEL > PAPÉIS > PAPEIZINHOS; ANIMAL > ANIMAIS > ANIMAIZINHOS; PÃO > PÃES > PÃEZINHOS; BALÃO > BALÕES > BALÕEZINHOS.
Com as palavras terminadas em “r”, aceitam-se as duas formas: FLOR > FLORES > FLOREZINHAS ou FLORZINHAS (que é a mais usada); BAREZINHOS ou BARZINHOS.

67. A dúvida é: Descobriu tudo em nossos bates-papos ou bate-papos?
A resposta é: Descobriu tudo em nossos bate-papos.
Quando o primeiro elemento das palavras compostas for verbo, somente o segundo deve ir para o plural: arranha-céus, bate-papos, guarda-chuvas, lança-perfumes, mata-borrões, para-brisas, porta-bandeiras, quebra-cabeças, salva-vidas, vira-latas…
Não devemos confundir o plural de guarda-chuva com o de guarda-civil. (1) Em guarda-chuva, guarda é verbo e chuva é substantivo. Nesse caso, somente o substantivo vai para o plural: guarda-chuvas. Estão na mesma situação: guarda-louças, guarda-roupas, guarda-pós, guarda-sóis…(2) Em guarda-civil, guarda é substantivo e civil é adjetivo. Nesse caso, os dois vão para o plural: guardas-civis. Seguem a mesma regra: guardas-noturnos, guardas-florestais…

55. A dúvida é: Começará a ser divulgado ou começarão a ser divulgados, a partir da próxima semana, os resultados do vestibular?
A resposta é: Começarão a ser divulgados, a partir da próxima semana, os resultados do vestibular.
O verbo deve ir para o plural para concordar com o seu sujeito (=os resultados do vestibular). É uma dúvida de concordância que ocorre muito frequentemente quando o sujeito aparece posposto, ou seja, depois do verbo. Dificilmente alguém erraria se o sujeito estivesse antes do verbo: “Os resultados do vestibular começarão a ser divulgados a partir da próxima semana”.
Há quem tenha outra dúvida: “Os resultados começarão a ser ou serem divulgados”? Numa locução verbal, quem se flexiona para concordar com o sujeito é o primeiro verbo: “Eles devem divulgar os resultados”; “Eles podem ser aprovados“; “Os resultados começarão a ser divulgados“.
Nas orações reduzidas de infinitivo, o verbo ser pode ir para o plural: “Estas são as medidas a ser ou serem tomadas“; “Aqui estão os exercícios para ser ou serem feitos“. Nas orações reduzidas, temos um caso de concordância facultativa.

56. A dúvida é: O motivo da revolta é ou são as multas?
A resposta é: O motivo da revolta são as multas.
Quando o sujeito está no singular (= o motivo da revolta) e o predicativo do sujeito (= as multas) está no plural, o verbo ser concorda no plural: “O resultado da pesquisa são números assustadores”; “Sua esperança são apenas hipóteses”.
Se invertermos a posição do sujeito com a do predicativo, o verbo ser deverá continuar no plural: “As multas são o motivo da revolta”; “Estes dados são o resultado da pesquisa”.

57. A dúvida é: A alta do dólar, somado ou somada aos prejuízos, causou sérios problemas na nossa economia?
A resposta é: A alta do dólar, somada aos prejuízos, causou sérios problemas na nossa economia.
O que está sendo somado aos prejuízos não é o dólar, e sim a alta do dólar, ou seja, a concordância deve ser feita no feminino.
Se os prejuízos fossem somados à alta do dólar, a concordância deveria ser feita no masculino plural, ou seja, o correto é “Somados os prejuízos à alta do dólar…”
58. A dúvida é: Um total de mais de 80 mil pessoas participaram ou participou do evento?
A resposta é: Um total de mais de 80 mil pessoas participou do evento.
Em concordância verbal, a regra é sempre a mesma: o verbo deve concordar em pessoa e número com o sujeito. Neste exemplo, o sujeito do verbo participar é “um total de mais de 80 mil pessoas”. É um caso de sujeito simples cujo núcleo é o substantivo “total”, que está no singular. Daí a concordância lógica do verbo no singular: “Um total…participou”.
Caso não houvesse a palavra “total”, ou seja, se o sujeito da oração fosse “mais de 80 mil pessoas”, o núcleo do sujeito passaria a ser “pessoas”, e a concordância deveria ser feita no plural: “Mais de 80 mil pessoas participaram do evento”.
59. A dúvida é: O presidente, assim como seus assessores, desistiram ou desistiu do projeto?
A resposta é: O presidente, assim como seus assessores, desistiu do projeto.
Quando o sujeito aparece ligado por assim como, o verbo concorda com o primeiro: “O filho, assim como o pai, é advogado”; “O cinema nacional, assim como o teatro, está em busca de novos patrocinadores.”
Para quem não gostou da concordância do verbo no singular, existe uma solução bem simples. É só substituir o “assim como” pela conjunção aditiva “e”. Assim o problema estaria resolvido, porque o verbo teria de concordar obrigatoriamente no plural: “O presidente e seus assessores desistiram do projeto”; “O filho e o pai são advogados“; “O cinema nacional e o teatro estão em busca de novos patrocinadores”.

60. A dúvida é: Solicitou ao gerente que não os ajudassem ou ajudasse?
A resposta é: Solicitou ao gerente que não os ajudasse.
O sujeito do verbo ajudar é o pronome relativo “que”, que está substituindo o seu antecedente (=o gerente). Quando o sujeito do verbo é o pronome relativo “que”, o verbo deve concordar com o antecedente: “…os gerentes que compareceram à reunião…”; “…o gerente que ajudasse os empregados…”
Mesmo quando o pronome pessoal oblíquo (=os, as, nos) exerce a função de sujeito do infinitivo, o verbo deve concordar no singular: “O diretor mandou-os sair de sala”; “Ele não as deixou falar“; “O presidente precisa nos ouvir cantar“.

61. A dúvida é: Aconteceram ou aconteceu, durante o último verão, um grande número de acidentes nesta estrada?
A resposta é: Aconteceu, durante o último verão, um grande número de acidentes nesta estrada.
O que verdadeiramente aconteceu foi um grande número de acidentes. Rigorosamente, o verbo deve concordar com o núcleo do sujeito (=número), que está no singular. É bom lembrar que alguns estudiosos já aceitam a concordância ideológica no plural, ou seja, o verbo estaria concordando com a ideia plural de “grande número” ou com “acidentes”. Entretanto, é importante salientar que a concordância no singular é aceita por todos e indiscutivelmente correta.
Quanto à frase “Houve um grande número de acidentes nas costas brasileiras“, não há discussão. Está errada. Quem tem “costas” sou eu, que vivo com dor nas costas. O Brasil, como qualquer país que tenha litoral, tem costa. Portanto, os acidentes aconteceram na costa brasileira.

50. A dúvida é: Lugares haviam ou havia, mas faltava ou faltavam torcedores?
A resposta é: Lugares havia, mas faltavam torcedores.
Pelo visto, “aulas de concordância havia, mas faltavam alunos”. As regras de concordância mandam o verbo concordar com o sujeito. No caso do verbo faltar, o sujeito é “torcedores”. Como o sujeito está no plural, o verbo deve concordar: “faltavam torcedores”. Quanto ao verbo haver, o problema é outro. O verbo haver, quando usado com o sentido de “existir”, torna-se impessoal, isto é, sem sujeito. Por isso, deve ser usado sempre no singular. Da mesma forma que dizemos “há lugares” (e não “hão” lugares), devemos dizer “havia lugares”, “houve acidentes”, “haverá problemas”…
“Faltavam torcedores, mas faltava convidar mais torcedores.” Em “faltavam torcedores”, o verbo deve concordar no plural porque o sujeito (=torcedores) está no plural. No caso de “faltava convidar mais torcedores”, o sujeito do verbo faltar é “convidar mais torcedores”. Trata-se de uma oração devido à presença do verbo convidar. Quando o sujeito de um verbo é uma oração, a concordância deve ser feita no singular: “faltava convidar mais torcedores”; “basta conseguir três mil pontos”; “é necessário convocar onze craques”; “está faltando resolver duas questões”…

51. A dúvida é: Nós não nos víamos haviam ou havia dois anos?
A resposta é: Nós não nos víamos havia dois anos.
O verbo haver, quando usado em referência a tempo decorrido, é impessoal, ou seja, não há sujeito. Deve, por isso, permanecer numa forma não flexionada. Isso significa que não concorda (=não deve ser usado no plural). É interessante observar que no tempo presente ninguém seria tentado a usar o verbo no plural. Ninguém diria: “Nós não nos vemos hão dois anos”. Todos falam corretamente: “Nós não nos vemos há dois anos”. A mesma regra se aplica ao verbo fazer: “Não nos vemos faz dois anos” e “Não nos víamos fazia dois anos”.
Agora que nós já sabemos que os verbos haver e fazer (= em relação a tempo passado) só devem ser usados no singular, vamos aprender a diferença entre há e havia, faz e fazia. Devemos usar há ou faz, quando a idéia de tempo passado é em relação ao presente: “Nós não nos vemos (=presente) há (ou faz) dois anos”; devemos usar havia ou fazia, quando a idéia de tempo passado é em relação ao passado: “Nós não nos víamos (=passado) havia (ou fazia) dois anos”. É interessante observar uma diferença significativa: no primeiro caso, nós continuamos sem nos ver e o nosso último encontro ocorreu dois anos atrás; no segundo caso, significa que entre o penúltimo e o nosso último encontro (= ocorrido em algum tempo no passado) passaram-se dois anos.

52. A dúvida é: É ou são 1h50min?
A resposta é: É 1h50min.
Plural só a partir das duas: são 2h, são 3h, são 20h… Abaixo de duas é singular: é 1h, é 1h30min, é 0h.
Devemos dizer que “é 1h da tarde” e que “são 13 h”. Não importa se no relógio é a mesma hora. “Uma” é singular, e “treze” é plural. O certo é dizer “é uma e cinquenta, mas são dez para as duas” (é 1h50min = são 10 minutos para as 2h).
Quanto às abreviaturas, é importante lembrar que para “horas” devemos usar simplesmente “h” (minúsculo, sem “s” no plural e sem ponto), e para “minutos”, a abreviatura oficial é “min”. No meio jornalístico, por questão de espaço, também são adotadas as seguintes formas não oficiais: 1h50, 1h50m e 1:50h.
Como se faz a concordância do verbo “ser” em 12h30min? Ou você diz que “são doze horas e trinta minutos” ou então que “é meio-dia e meia”. “Doze horas” é plural (=são doze), mas “meio-dia” é singular (=é meio-dia).

53. A dúvida é: Ainda não se atingiu ou atingiram as metas estabelecidas pelo governo?
A resposta é: Ainda não se atingiram as metas estabelecidas pelo governo.
Certamente não é por culpa das nossas regras de concordância verbal que as metas não foram atingidas. A regra é clara: o verbo deve concordar em pessoa e número com o seu sujeito. No caso, devido à presença da partícula apassivadora “se”, a voz fica passiva e o sujeito é “quem sofre a ação verbal”, ou seja, “as metas estabelecidas pelo governo”. Assim sendo, o verbo deve concordar no plural: “ainda não se atingiram as metas”. É o mesmo que se dissesse que “as metas não foram atingidas”.
Na frase “O céu escurece e se ouve os primeiros relâmpagos”, temos dois problemas sérios: um é a falta de concordância e outro é essa estranha história de “ouvir” relâmpagos. Ou “se ouvem os primeiros trovões” ou “se vêem os primeiros relâmpagos”.
Quanto à concordância, é interessante observarmos que o plural é obrigatório, pois “os primeiros trovões são ouvidos” ou “os primeiros relâmpagos são vistos”. Trata-se de voz passiva sintética devido à presença da partícula apassivadora “se”.

54. A dúvida é: Tem ou têm acontecido coisas estranhíssimas?
A resposta é: Têm acontecido coisas estranhíssimas.
Temos aqui uma dúvida sutil de concordância verbal. A locução verbal “tem acontecido” deve concordar com o seu sujeito (=coisas estranhíssimas). Eu não posso dizer que “aconteceu coisas estranhíssimas”, e sim que “aconteceram coisas estranhíssimas”.
O problema é que o verbo ter merece uma atenção especial: tem (sem acento gráfico) é singular; têm (com acento circunflexo) é plural. Assim sendo, se o sujeito está no plural (=coisas estranhíssimas), o verbo deve concordar no plural: “Têm acontecido coisas estranhíssimas”.
Em “Tem havido coisas estranhíssimas”, o correto é sem acento. Em locuções verbais em que o verbo principal é o haver no sentido de “existir”, a concordância deve ser feita obrigatoriamente no singular. Da mesma forma que “houve coisas estranhíssimas”, “havia coisas estranhíssimas” e “haverá coisas estranhíssimas”, “tem havido, deve haver, poderá haver coisas estranhíssimas”.

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