quarta-feira, 30 de março de 2011

Narração

Narração
Sequência de fatos na qual os personagens se movimentam num determinado espaço à medida que o tempo passa.
O texto narrativo é baseado na ação que envolve: personagens, tempo, espaço e conflito.
Seus elementos são: narrador, enredo, personagens, espaço e tempo.
Dessa forma, o texto narrativo apresenta uma determinada estrutura:

Esquematizando temos: Apresentação; Complicação ou desenvolvimento; Clímax; Desfecho.

Protagonistas e Antagonistas - A narrativa é centrada num conflito vivido pelos personagens.
Protagonista -(personagem principal)
Antagonista- (personagem que atua contra o protagonista, impedindo-o de alcançar seus objetivos).
Adjuvantes ou coadjuvantes-personagens secundários que também exercem papéis fundamentais na história.
Narração e Narratividade - Em nosso cotidiano encontramos textos narrativos; contamos e/ou ouvimos histórias o tempo todo. Mas os textos que não pertencem ao campo da ficção não são considerados narração, pois essas não têm como objetivo envolver o leitor pela trama, pelo conflito. Podemos dizer que nesses relatos há narratividade, que quer dizer, o modo de ser da narração.
Os Elementos da Narrativa - Os elementos que compõem a narrativa são:

- Foco narrativo (1ª e 3ª pessoa);
- Personagens (protagonista, antagonista e coadjuvante);
- Narrador (narrador- personagem, narrador-observador).
- Tempo (cronológico e psicológico);
- Espaço.

A Verossimilhança na Narração –
Para produzirmos um texto é necessário que conheçamos o assunto que será explorado e tudo dependerá da nossa maneira de interpretar as fontes, nossa visão de mundo e experiências vividas. Para transmitir o que pretendemos, recriamos o real de acordo com a nossa vontade.
Quando exploramos a ficção é importante que nossa obra seja verossímil, dando ao leitor a idéia de verdade, aproximando-o da nossa realidade.
Para construir uma narração que faça sentido ao leitor, todos os seus elementos (enredo, narrador, personagem, tempo e espaço) precisam compor um ‘todo verdadeiro’. É através da verossimilhança, da aproximação da realidade, que o texto se fará real.
Narração: três tipos de narrador, isto é, três tipos de foco narrativo:
O narrador-personagem : conta na 1ª pessoa a história da qual participa também como personagem. Ele tem uma relação íntima com os outros elementos da narrativa. Sua maneira de contar é fortemente marcada por características subjetivas, emocionais.
O narrador-observador : conta a história do lado de fora, na 3ª pessoa, sem participar das ações. Ele conhece todos os fatos e por não participar deles, narra com certa neutralidade, apresenta os fatos e os personagens com imparcialidade. Não tem conhecimento íntimo dos personagens nem das ações vivenciadas.
O narrador-onisciente: conta a história em 3ª pessoa, às vezes, permite certas intromissões narrando em 1ª pessoa. Ele conhece tudo sobre os personagens e sobre o enredo, sabe o que passa no íntimo das personagens, conhece suas emoções e pensamentos. Ele é capaz de revelar suas vozes interiores, seu fluxo de consciência, em 1ª pessoa. Quando isso acontece o narrador faz uso do discurso indireto livre.
O Narrador e a Gramática da Narração
-Narração em primeira pessoa, o narrador participa dos acontecimentos; é um personagem com dupla função: o personagem-narrador: *participação secundária nos acontecimentos- papel de narrador, * personagem principal.
A narração em primeira pessoa- permite ao autor penetrar e desvendar com maior riqueza o mundo psicológico do personagem, e, nem tudo o que é afirmado pelo narrador corresponde à "verdade", pois, como ele participa dos acontecimentos, tem deles uma visão própria, individual e, portanto, parcial.
A principal característica desse foco é a visão subjetiva que o narrador tem dos fatos: ele narra apenas o que vê, observa e sente, ou seja, os fatos passam pelo filtro de sua emoção e percepção.
-Narrações em terceira pessoa: o narrador está fora dos acontecimentos; podemos dizer que ele paira acima de tudo e de todos. Essa situação lhe permite saber de tudo, do passado e do futuro, das emoções e dos pensamentos dos personagens - daí ser chamado de onisciente (oni + sciente, ou seja, "o que tem ciência de tudo", "o que sabe de tudo").
O narrador onisciente "lê" os sentimentos, os desejos mais íntimos da personagem (aliás, o narrador vê o que ninguém tem condições de ver: o mundo interior do personagem), e sabe qual será a repercussão desse ato no futuro.
O Enredo - O enredo (ou trama, ou intriga) é o esqueleto da narrativa, aquilo que dá sustentação à história, o que a estrutura, ou seja, é o desenrolar dos acontecimentos (é a linha se entrelaçando, formando a malha, a trama, a rede, o tecido, o texto). Geralmente, o enredo está centrado num conflito, responsável pelo nível de tensão da narrativa.
• Linear: começo – meio – fim – os acontecimentos são contínuos.
• Não-linear: descontinuidade temporal, cortes ou saltos na seqüência de ações, quebra da continuidade lógica e cronológica dos acontecimentos.
• Cronológico: dos relógios, objetivamente marcado.
• Psicológico: da duração interior das vivências.
Os Personagens - Aqueles que vivem o enredo (em português, a palavra personagem tanto pode ser masculina como feminina). Podem ser reais ou imaginários, ou a personificação de elementos da natureza, idéias, etc. Principais ou secundários. Há personagem que apresenta personalidade e/ou comportamento de forma evidente, comuns em novelas e filmes, tornando-se personagem caricatural.
Personagem e Enredo - O enredo existe através dos personagens; as personagens vivem do enredo. Enredo e personagem exprimem, ligados, os intuitos do romance, a visão da vida que decorre dele, os significados e valores que o animam.
O Ambiente - É o cenário por onde circulam personagens e onde se desenrola o enredo. Em alguns casos, a importância do ambiente é tão fundamental que ele se transforma em personagem. Por exemplo: o Nordeste, em grande parte do romance modernista brasileiro; o colégio interno, em O Ateneu, de Raul Pompéia; o caso mais nítido está em O cortiço, de Aluísio Azevedo. É o ESPAÇO - onde transcorrem as ações, onde os personagens se movimentam auxilia na caracterização dos personagens, pois pode interagir com eles ou por eles ser transformado.
O TEMPO - A duração das ações apresentadas numa narrativa caracteriza o tempo (horas, dias, anos, assim como a noção de passado, presente e futuro).
Pode ser : *cronológico, fatos apresentados na ordem dos acontecimentos,
*psicológico, tempo pertencente ao mundo interior do personagem. A técnica do flashback é bastante explorada, uma vez que a narrativa volta no tempo por meio das recordações do narrador.
Reflete angústias e ansiedades de personagens e que não mantém nenhuma relação com o tempo propriamente dito, cuja passagem é alheia à nossa vontade. Falas como "Ah, o tempo não passa..." ou "Esse minuto não acaba!" refletem o tempo psicológico.
A Gramática na Narração - Num texto narrativo predominam os verbos de ação: há, em geral, um trabalho com os tempos verbais. Afinal, a narração, ou seja, o desenrolar de um fato, de um acontecimento, pressupõe mudanças; isso significa que se estabelecem relações anteriores, concomitantes e posteriores.
Tipos de Narrativa - orais, escritas, visuais ou encenadas, como é o caso do teatro.
Elementos primordiais: tempo, espaço, personagens, narrador e enredo.

A narrativa se subdividem em: Romance, Novela, Conto, Crônica e Fábula.

Romance: É uma narrativa sobre um acontecimento ficcional no qual são representados aspectos da vida pessoal, familiar ou social de uma ou várias personagens. Gira em torno de vários conflitos, sendo um principal e os demais secundários, formando assim o enredo.

Novela: Assim como o romance, a novela comporta vários personagens, sendo que o desenrolar do enredo acontece numa sequência temporal bem marcada. Atualmente, a novela televisiva tem o objetivo de nos entreter, bem como de nos seduzir com o desenrolar dos acontecimentos, pois a maioria foca assuntos relacionados à vida cotidiana.

Conto: É uma narrativa mais curta, densa, com poucos personagens, e apresenta um só conflito, sendo que o espaço e o tempo também são reduzidos.

Crônica: Também fazendo parte do gênero literário, a crônica é um texto mais informal que trabalha aspectos da vida cotidiana, muitas vezes num tom muito “sutil” o cronista faz uma espécie de denúncia contra os problemas sociais através do poder da linguagem.

Fábula: Geralmente composta por personagens representados na figura de animais, é de caráter pedagógico, pois transmite noções de cunho moral e ético. Quando são representadas por personagens inanimados, recebe o nome de Apólogo, mas a intenção é a mesma da fábula.
Esquema-síntese da Narração
- Personagens: • Personagens principais: protagonistas x antagonistas
• Personagens-auxiliares ou ajudantes.

Apresentação dos personagens: • Direta: descrição de traços físicos e/ou psicológicos.
• Indireta: ações, comportamentos, acontecimentos vividos pelas
personagens, falas.
Tipos de Discurso na Narrativa-
Discurso direto: O narrador apresenta a própria personagem falando diretamente, permitindo ao autor mostrar o que acontece em lugar de simplesmente contar.
Lavador de carros, Juarez de Castro, 28 anos, ficou desolado, apontando para os entulhos: “Alá minha frigideira, alá meu escorredor de arroz. Minha lata de pegar água era aquela. Ali meu outro tênis.” - Jornal do Brasil, 29 de maio 1989.
Discurso indireto: O narrador interfere na fala da personagem. Ele conta aos leitores o que a personagem disse, mas conta em 3ª pessoa. As palavras da personagem não são reproduzidas, mas traduzidas na linguagem do narrador.
Dario vinha apressado, o guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Foi escorregando por ela, de costas, sentou-se na calçada, ainda úmida da chuva, e descansou no chão o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no, indagando se não estava se sentindo bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, mas não se ouviu resposta. Um senhor gordo, de branco, sugeriu que ele devia sofrer de ataque. Dalton Trevisan. Cemitério de elefantes. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1964.
Discurso indireto livre: É uma combinação dos dois anteriores, confundindo as intervenções do narrador com as dos personagens. É uma forma de narrar econômica e dinâmica, pois permite mostrar e contar os fatos a um só tempo.
Enlameado até a cintura, Tiãozinho cresce de ódio. Se pudesse matar o carreiro... Deixa eu crescer!... Deixa eu ficar grande!... Hei de dar conta deste danisco... Se uma cobra picasse seu Soronho... Tem tanta cascavel nos pastos... Tanta urutu, perto de casa... se uma onça comesse o carreiro, de noite... Um onção grande, da pintada... Que raiva!...
Mas os bois estão caminhando diferente. Começaram a prestar atenção, escutando a conversa de boi Brilhante. Guimarães Rosa. Sagarana. Rio de Janeiro, José Olympio, 1976.
Foco Narrativo: • Narrador-personagem: 1ª pessoa
• Narrador-observador: 3ª pessoa
• Narrador-onisciente: 3ª e 1ª pessoas.
O Narrador e o Foco Narrativo - O narrador é elemento fundamental para o sucesso do texto, pois esse é o dono da voz, o que conta os fatos e seu desenvolvimento. Atua como intermediário entre a ação narrada e o leitor. O narrador assume uma posição em relação ao fato narrado (foco narrativo), o seu ponto de vista constitui a perspectiva a partir da qual o narrador conta a história.

O foco narrativo em 1ª pessoa - o narrador é um dos personagens, protagonista ou secundário- apresenta aquilo que presencia ao participar dos acontecimentos - nem tudo aquilo que o narrador afirma refere-se à “verdade”, pois ele tem sua própria visão acerca dos fatos; sendo assim expressa sua opinião.

Foco narrativo em 3ª pessoa - O narrador é onisciente. Oferece uma visão distanciada da narrativa; além de dispor de inúmeras informações que o narrador em 1ª pessoa não oferece.
Os sentimentos, as idéias, os pensamentos, as intenções, os desejos dos personagens são informados graças à onisciência do narrador que é chamado de narrador observador.

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